Escriba

o mar, o sol, a moça e a mangaba doce

ela queria mesmo era vodka com mangaba – ou mangaboroska, como dizem por lá. passara dos 30, já tinha visitado dermatologista e começado o tal tratamento com ácido – aquele que afasta a mulherada do tom bronzeado do verão. jamais seria a mesma. nascida e criada à beira mar, como pode uma nordestina não se jogar inteira ali, de frente para o sol? caminhou, chapéu de abas largas, protetor solar fator 50, muita água e tantas ideias. nostálgica, melancólica pelo fim do seu segundo casamento. o final de semana era uma espécie de prêmio pela conquista da liberdade, de novo essa bobagem. a água do mar cura, renova, ela sabe. fechou o sombreiro, guardou o livro, esqueceu as recomendações médicas, jogou fora todos os acessórios e mergulhou. a experiência do mar daquele lugar é o próprio sonho da moça. chupou mangaba, esqueceu a vodka. nunca pensou que a separação pudesse ser a melhor parte do casamento. combinação perfeita, só ali: o mar, o sol, a moça e a mangaba doce.

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